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Em nome do Pai

Paternidade na ótica do utilizador.

Em nome do Pai

Paternidade na ótica do utilizador.

Teorias de desenvolvimento: a proposta do grupo de pais*

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Piaget: 1º período: Sensório-motor              (0 a 2 anos)

·           2º período: Pré-operatório                (2 a 7 anos)

·          3º período: Operações concretas     (7 a 11 ou 12 anos)

·         4º período: Operações formais         (11 ou 12 anos em diante)

 

Freud: Fase Oral

           Fase anal

           Fase fálica

           Período de latência

           Fase genital 

 

Grupo de pais: Baby TV

                        Canal Panda

                         Disney Junior

                        Disney Channel

                        Biggs + Cartoon network

 

 

(Sim, criámos um grupo de pais (só cromossoma y mesmo) no facebook porque percebemos que havia uma enorme oferta de grupos de mães e esta lacuna de grupos de pais.Está a ser um experiência e tanto! Pais homens que lêem o blogue avancem!)

Uma metáfora com piolhos e a dica final para os eliminar

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Quer queiramos dizê-lo em voz alta ou não (neste caso escrevê-lo), a determinada altura da nossa infância todos (ou a maioria de nós) teve piolhos. 

 

Hoje em dia, nas escolas, damos imensas metáforas (a minha mulher escreveu um texto hilariante sobre isso em http://quadripolaridades.com/amigos-indesejados-o-caracinhas-1881406) mas a verdade é que estes pequenos monstros assistirão à extinção de animais ferozes e robustos africanos e mesmo assim resistirão. 

 

Dei comigo a pensar em como lidar com piolhos reflete as mudanças nas vivências da parentalidade.

 

No tempo da minha avó ser mãe, sempre que havia piolhos havia duas soluções: catava-se os bichos à mão com uma paciência de chinês ou optava-se pela solução drástica e radical de cortar o cabelo bem curtinho. Fosse rapaz ou rapariga. E assunto resolvido sem grandes intelectualizações. Até porque o cabelo tem aquela característica espectacular: cresce! 

 

Já no tempo da minha mãe ser mãe havia a tendência de se evitar optar pela solução fácil de cortar o cabelo e, com algum custo financeiro (que o shampoo não era propriamente barato) lá se comprava o quitoso e um pente fininho. Sentávamo-nos e começava a tortura e nada de reclamar senão lá vinha a ameaça da máquina zero e nem toda a gente gostava do look militar. Especialmente as raparigas.

 

Hoje em dia tivemos quase um concelho de família quando recebemos um mail da escola da Ana sobre os “viajantes”. A mãe recusou-se a usar químicos como prevenção e fomos directos à farmácia, onde a farmacêutica nos vendeu uma fita que continha um produto que afastava os bichos. Quinze euros por uma fita de licra pelintrissima a tresandar.

 

Passados dois dias da miúda andar com a fita apanhei-lhe um piolho. Morto. Mas lá estava. E era um piolho. Outra vez uma discussão de reflexão sobre o tema e rumamos ao “Celeiro” para comprar uma solução natural e bio para evitar os bichos que resultou numa essência de alfazema que todos os dias colocavamos atrás das orelhas da miúda e, mesmo sendo apenas uma gota, a tornavam tão cheirosa (demasiado cheirosa) que acreditamos que os piolhos não se atreveriam a chegar perto. Nem os piolhos nem os amigos, que aquilo era insuportável. Mas valia tudo.

 

Uma semana depois fomos a uma importante apresentação de trabalho e enquanto a mãe fazia a sua apresentação para uma enorme plateia assistia a um frenesim coça-coça da filha também a assistir na audiência. Dito feito- a miúda carregada de piolhos e nós a 200 km de casa. Não acabámos o fim-de-semana de lazer que se seguia à palestra e voamos até casa. “Mas porque não pararam numa farmácia de serviço e não compraram um”stop piolhos”, um “nix” ou um “quitoso”? Porque nenhum de nós queria esfregar químicos no couro de cabeludo loiríssimo da miúda e em casa jazia o milagroso pente electrico oferecido por uma amiga.

 

E assim foi, depois de todas as fronhas, lençóis,cobertores, edredons, mantas lavadas, depois da minha mulher pesquisar no Google onde se compravam aqueles guardanapos para encostar a cabeça que se veem nos aviões (estava a ponderar ter esses guardanapos descartáveis colados com velcro nos sofás de casa, para que vocês vejam até onde chegou a paranóia), ali estávamos nós a electrocutar piolhos na cabeça da nossa filha, num processo moroso e chato (a miúda é super cabeluda!) para evitar químicos, cortes de cabelo e experiências traumáticas quer para a saúde física quer psicologicamente.

 

E então pensámos que nunca houve uma geração de pais como a nossa- preparada, informada, consciente, interessada. Que não opta pelas soluções mais fáceis (cortar o cabelo), nem pelas mais rápidas (usar o quitoso) mas que procura as opções mais saudáveis, mais prudentes, que previne efeitos secundários, que quer controlar que não haja falhas e que não se importa de investir tempo, dinheiro e fazer todos os esforços para tomar a decisão mais acertada para a criança. Mesmo que isso implique passar com um pente electrico fio a cabelo a fio a cabelo, electrocutando piolhos pelo caminho.

 

Resulta, é verdade. Mas ainda assim procurámos no dr. Google se os pequeninos choques electricos aos amigos viajantes não fariam mal algum ao couro cabeludo da miúda. E lá está, a minha avó cortava o cabelo curto aos filhos para acabar com os piolhos e resolvia o problema em dez minutos sem voltar a pensar no assunto até nova epidemia (e novo corte, sem dó nem piedade); a minha mãe esfregava-nos o quitoso sem pensar que podíamos ficar com cancro no couro cabeludo e já achava que estava a ser bem benevolente porque não nos cortava o cabelo; nós passámos umas três horas a electrocutar piolhos do cabelo da miúda, de forma obcessiva-compulsiva, tendo a certeza que não sobrava nem um e que o cabelo se mantinha intacto e o couro cabeludo saudável e, mesmo assim, no final, ainda estávamos cheios de pena da miúda e com medo que aquele tempo todo a ver tablet para a mantermos quieta mandasse às urtigas a educação de todos os cinco anos anteriores de consumo de YouTube em doses homeopáticas e a traumatizasse por tanto tempo a escarafunchar-lhe o cabelo. Inseguros. Isso mesmo que leram: inseguros.

 

 

Somos a geração de pais mais preparada e, ainda assim, a mais insegura. A que tem tanta informação e escolha ao dispor que teme tomar qualquer decisão com medo de não ser a melhor. Não nos basta ser uma decisão certa e eficaz. Tem que ser a melhor. Não há margem para erros. Somos exigentes e pouco condescendentes conosco como nenhuma geração anterior de pais o foi.

 

A nós não nos basta acabar com os piolhos. Isso é o menos. Queremos acabar de forma a que a miúda saia intacta emocionalmente (cortar cabelos à rapaz é traumático!) e fisicamente (abaixo os químicos!). Queremos eliminá-los de forma orgânica, quase dando-lhes uma epidural para uma eutanásia suave, um choque suave e só não os catamos com uma pinça sem os matar porque não saberíamos para onde os enviar...

 

Somos uns pais espetaculares, essa é que é essa. E completamente inseguros sem razão! Retirei essa lição com os piolhos da minha filha.

Blog Out # 4 Parque do Marmeleiro (Cascais)

Cá em casa não somos adeptos de desporta, com muita pena nosso e algum desgosto. Individualmente não gostamos de nenhum desporto e, depois de acabar o 12º ano e da disciplina obrigatória de Educação Física, nunca mais frequentámos qualquer tipo de desporto. Eu assumo, inclusive, que nunca aprendi a andar de bicicleta, para que se veja a desgraça da situação. 

 

A nossa filha não é uma criança extremamente física mas, na escola que frequenta, tem desporto curricular quatro vezes por semana entre expressão psicomotora, esgrima, dança, patinagem e ginástica. Também tem expressão dramática que acaba por ter uma componente física daí que, desde que esta rotina académica se instalou acabámos por incentivar a Ana a treinar e a complementar as apren0 dizagens motoras também no espaço da família. 

 

Entretanto, a minha mulher lesionou-se gravemente e acompanha-nos como cheerleader a ver-nos subir paredes de escalada ou espera-nos no carro a ouvir música e ler um livro enquanto eu e a Ana fazemos pequenas caminhadas, trilhos e alguma marcha. 

Eis a nossa primeira sugestão de trilho para famílias com crianças com marcha autónoma ou parapais corajosos que gostem de usar um bom marsúpio e testada cá em casa:

 

TRILHO PEDESTRE RIBEIRA DAS VINHAS - PARQUE DO MARMELEIRO

 

Ponto de partida: mercado da vila de Cascais.

 

Segue-se pelo renovado circuito pedonal da Ribeira das Vinhas (que tem início numa espécie de vale- o vale da Ribeira das Vinhas nas traseiras do Mercado da Vila- ainda em paisagem urbana e no meio de prédios) até chegarmos ao Miradouro do Parque das Penhas da Marmeleira, em Murches, já uma paisagem completamente enquadrada no parque natural Sintra-Cascais.

 

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Normalmente não fazemos ida e volta porque a Ana acaba por se cansar e quer ficar a brincar no esplêndido e pouco divulgado parque infantil do Parque das Penhas da Marmeleira, onde temos sempre picnic e boleia providenciadas pela mãe ou pela avó. 

 

Trata-se de um percurso que junta paisagem ubana, campo (saloia) e montanha, de dificuldade bastante fácil, sendo  apenas a subida ao miradouro, à chegada do Parque das Penhas da Marmeleira, exige um acréscimo de esforço. 

 

A careja no topo do bolo, ou melhor, o pote de ouro no fim do arco-íris é o fantástico parque infantil do Parque das Penhas da Marmeleira, quase sempre com uma ou duas crianças e com uma dinâmica de atvidades sensoriais muito giras(a Ana delira!)

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A reter:

 

Distância estimada- 6 km

Equipamento exigido- roupa de desporto e calçado de desporto adequado (boné é sempre essencial porque mesmo em dias encobertos em Cascais o sol faz sempre uma gracinha) 

Cantil de água

Não é necessário o uso de bastão

 

Divirtam-se!

 

Pelo fim dos "mini-mes"!

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"Eu não sou a minha mãe!"- foi a resposta, irada, da minha filha a um comentário da avó depois da enésima comparação com a mãe.

 

A nossa filha é muito diferente de mim e da mãe e... ainda bem. 

 

Não estou a falar no sentido biológico (e mesmo até aí há discordâncias, com cada lado da família a reclamar semelhanças: a minha mãe a dizer que ela é igualzinha a mim na idade dela e a família da minha mulher a dizer que ela é igual à mãe com excepção dos olhos que aí- sem discussão- são inequivocamente iguais aos meus!). O DNA foi simpático com a Ana oferecendo-lhe de bandeja o melhor de cada genotipo do pai e da mãe: os olhos enormes e azuis herdados do meu trisavô nórdico, os lábios mais carnudos e as sobrancelhas compridas e finas da mãe e o cabelo loiro de ambos. 

 

Se para a Ana a coisa resolveu-se ali por volta dos seis meses, altura em que os bebés se apercebem que eles e mãe não são seres únicos e indissociáveis, que não controlam a presença e a ausência da mãe e que dependem não só dela mas de outros cuidadores (é nesta altura que o pai começa a ganhar alguma importância!), para nós a aprendizagem tem sido contínua. 

 

Dizia eu que a nossa filha é muito diferente de cada um de nós. Ao princípio foi difícil e confuso. Éramos pais de primeira viagem e não estávamos a pisar terreno seguro. Ter uma filha com características de personalidade semelhantes a algum de nós, qualquer um que fosse, ter-nos-ia dado linhas de orientação, pistas, possibilidade de empatizarmos e, sobretudo, ideias de como reagir a cada ação, reação, comportamento. Não aconteceu. A Ana tem uma personalidade muito própria e muitas vezes estamos a pisar terreno absolutamente desconhecido e... minado. É, no mínimo, desafiante. 

 

Talvez por isso, ou talvez pela nossa formação académica. nunca, nem mesmo nos primeiros meses de vida, cedemos à tentação de olharmos para a Ana como extensões de nós. A nossa filha existe como ser único e diferenciado, indivídua com personalidade e existência própria, independente dos progenitores. 

 

Obviamente que a família passa a vida a tentar encontrar semelhanças com o respetivo progenitor de quem são parentes e, inevitavelmente, face à frustração de também pisarem o mesmo terreno desconhecido, lá vêm as comparações. "Ah, a tua mãe era muito mais simpática!" ou "Pois, o teu pai era muito mais obediente!".

 

Post a quatro mãos: Nunca foi tão difícil ser pai como em Portugal no ano da graça de 2018

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 Enquanto estudava na universidade trabalhei num café para ajudar a pagar as contas. Nada de novo para mim, uma vez que a restauração sempre foi o negócio da minha família na nossa terra de origem. Mas tirar cafés em Portugal Continental tem toda uma mestria que eu jamais sonhara enquanto o fazia, em adolescente, para ajudar o meu pai, num pequeno café numa pequena ilha dos Açores. 

Café pingado, italiana, em chávena escaldada, sem principio, em chávena fria, com cheirinho, cheio, curto, sem fim, duplo, abatanado, café americano, carioca, escorrido, descafeinado, garoto, pingo, pingado, chino. Uma trabalheira! Nos Açores da minha adolescência um café era um café, sem mariquices nem grandes intelectualizações. 

Até ser pai acreditava que não havia nada mais complexo do que servir café a Continentais. Depois nasceu a Ana.

 

 

 (Post a quatro mãos com a fantástica colaboração de senhora minha esposa)

No dia do escutismo reafirmo que estou "Sempre alerta para servir!"

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Cresci numa pequena ilha dos Açores onde a variedade de atividades extra-curriculares, nos anos 80, não era profícua.

O escutismo tinha, na altura, uma importância grande na ilha e uma adesão transgeracional enorme. Curiosamente, não foi ver os meus primos irem para as atividades dos escuteiros que me convenceu a seguir-lhes as pisadas; foi, precisamente,o facto da minha tia (mãe deles) fazer parte do CNE e eu ver o entusiasmo com que ela falava dos escuteiros. 

 

Aos 5 anos era tudo novo e fascinante. Ali permaneci até aos 18 anos, tendo sido lobito, explorador, pioneiro e caminheiro. Eis as nove grandes lições que aprendi com o escutismo:

 

1- Conhecer o meu corpo, suas limitações e potencialidades. 

Todas as atividades físicas que desenvolvi nos escuteiros ajudaram-me a ganhar competências de superação de medos e exploração do meu potencial físico. Nunca tendo sido do tipo atlético (sou mais para o intelectual) foi nos escuteiros que melhorei a minha performance em jogos coletivos e de equipa, a subir às árvores, a conhecer melhor alimentos que o mato nos dá, a importância da hidratação, do repouso, a conhecer melhor o meu corpo e a respeitá-lo, a celebrar as diferenças físicas pois é a heterogeneidade que torna uma matilha mais forte e completa. A querer superar desafios físicos com uma rede enorme de suporte, 

 

2- Explorar a infinitude da minha criatividade, improvisar e ter resistência à frustração

Nos escuteiros desenvolvi várias competências ao nível da capacidade de improviso, de pensar fora da caixa, de olhar para as coisas e para a natureza para além do óbvio. Percebi que tenho liberdade para explorar o espaço, para jogar, ou melhor, aprender jogando, não agrilhoando o pensamento e não tendo medo de falhar. Aprendi que errar é normal e que não importa acertar à primeira e queinsistir e persistir pode, muitas vezes, ser a chave do sucesso. 

 

3- Trabalho em equipa é tudo e comunicar é essencial

Nos escuteiros desenvolvi um elevado espírito de grupo, sentido de pertença e a certeza de que juntos somos mais fortes, mais capazes, mais eficazes. Aprendi a estabelecer relações, a saber mantê-las, a ceder e a gerir emoções. A cooperação é tudo! Que saber comunicar é a chave para 90% dos problemas das equipas e que saber ouvir é mil vezes mais importante que falar. Desenvolvi técnicas de comunicação não verbal, técnicas de escuta activa e comunicação positiva como forma de motivar as equipas que liderei. Uso essas competências até aos dias de hoje no meu trabalho com crianças. 

 

4- Analisar e resolver problemas, ter sentido crítico e ter capacidade de decisão são factores chave em todos os momentos da nossa vida

Olhar para um problema e resolvê-lo uma vez, duas, três, olhá-lo de outros ângulos, pedir ajuda, improvisar., tentar diferente são competências que adquiri e treinei arduamente nos escuteiros. Analisar prós econtras na chamada análise do campo de forças e decidir de forma sustentada ou, em alguns casos, sob pressão foi muito importante na minha formação. Autonomia, responsabilidade na assunção das minhas decisões e consistência tendo em conta os valores pelos quais me rejo são ensinamentos que nunca mais me abandonaram.

 

 

"As três tagarelas"

Liliana de Neve levou a famosa teoria dos "ses" para uma discussão filosófica durante um "furo" de uma aula. E foi à volta desta teoria que ela e as suas melhores amigas, Joana Borralheira e Cláudia Cinderela, dissertaram sobre uma data de hipóteses sobre as suas vidas e o Mundo. 
 
Depois de ter vencido um concurso literário, a autora de 11 anos de idade foi convidada pela extinta Editorial Notícias para publicar a história em livro. Doando os direitos de autor à Associação Spina Bífida e Hidrocefalia de Portugal, esta instituição associou-se à editoria no lançamento deste divertido livro infantil. 
 
 
No Dia Mundial do LIvro  perguntei à Ana que livro quereria ela sugerir para eu recomendar no meu blogue. Foi, de imediato, este, o escolhido.  Agora adivinhem porquê?

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Título:  As três tagarelas

Autoria:  Liliana SIntra

Tipo de leitura: leitura autónoma 

Idade recomendada:  entre os 6 e os 10 anos

Sugestão de actividade: Dissertar sobre a teoria dos "ses" num pequeno manifesto filosófico

 

De pais para pais: M&M- Brindes com Arte

Conheci a Teresa no dia da festa do primeiro aniversário da minha filha (já vos contei que a minha mulher organizou uma festa solidária com mil pessoas? Um dia falo disto!). De máquina de costura na mão passou a festa toda a costurar enfeites de arco-íris e pingas de chuva que alegraram o decor de uma forma única. 

A Teresa é, no verdadeiro sentido da palavra, uma empreendedora: abriu uma escola de costura e agora um pequeno negócio de gravação de brindes. 

Eu nunca mais tinha sabido notícias da Teresa até que, no Natal passado, a minha mulher surpreendeu as avós da minha filha  com duas prendas tão certeiras que sacaram lágrimas à minha mãe e que fizeram as delícias da minha sogra, ambas cheias de bijuteria, exigentes e pouco passíveis de serem surpreendidas. Mas ficaram. 

Ambas receberam um fio com uma medalha com uma fotografia da neta Ana que, desde então,exibem orgulhosamente ao pescoço e que provoca elogios por onde passa. 

 

Exemplo de fio com medalha retirado do facebook da marca

Exemplo de fio com medalha retirado do facebook da marca (tenho pena de não publicarmos fotografias da Ana para vocês poderem atestar a qualidade do produto e de como ele ficou maravilhoso!)

 

A minha mulher lê este blogue, razão pela qual não lhe darei uma prenda igual neste dia da Mãe (mas, de qualquer modo, ela saberá que, mais dia menos dia, também será merecedora de um colar deste gabarito) mas não posso deixar de reconhecer que foi a prenda que mais sucesso fez com a minha própria mãe, razão pela qual, aliada ao fato da Teresa ser uma mulher excecional. não posso deixar de recomendar esta sugestão para a data que se aproxima. 

 

Conheçam o facebook M&M da Teresa aqui.

Quando ele diz "não gosto de ti!"

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"Primeiro foi ao pai, após a ter contrariado, de dedo em riste e ar de drama queen: "Não gosto de ti!".

Passados uns dias, depois de uma situação de frustração, choramingou enquanto me atirava outro "Não gosto de ti". 
E nós sorrimos. 
Sorrimos com esta vinculação segura que lhe permite ter a confiança de nos dizer que não gosta de nós. Esta segurança de verbalizar isto sem medo, sem temor, com a certeza que o que diz não vai afectar em nada a nossa relação, não vai beliscar minimamente o nosso amor. 
E nós respondemos: "Nós gostamos muito de ti, Ana!". 
E, às vezes, neste role play, nesta segurança dela dizer que não gosta de nós à custa de uma vinculação segura, de nós respondermos que, mesmo assim, apesar disso, apesar de tudo, independentemente de tudo, a amamos igualzinho, ela vira-nos as costas uns minutos, outras fica só a olhar muito séria para nós e, quase sempre, passado um tempinho vem-nos abraçar, depois de contrariada, de frustrada, muitas vezes resignada de que não cederemos a chantagens, de não reagirmos a palavras de impulso, ela volta, vem, chega-se perto, abraça-nos para fazer as pazes e diz baixinho num inglês improvisado: "I love you".
A Ana diz que "não gosta de nós". E nós sorrimos."  

 

O testemunho é roubado à minha mulher e data de 2016, a Ana com quatro anos acabados de fazer, e serve para poder desenvolver esta fase em que os filhos começam a sentir-se à vontade, confiantes e descansadinhos o suficiente para se atreverem a não gostar de nós. Ou melhor, a dizer que não gostam de nós,o que vem a ser uma coisa diferente.

Muitos dos pais com quem trabalho confidenciam-me, regularmente,o desgosto de ouvirem pela primeira vez esta declaração de desamor. Vem normalmente da boca de pequenos de 4/5 anos que, numa fase altamente egocêntrica e narcísica, e face a situações em que são contrariados e em que não sabem gerir a frustração associada, numa espécie de pequena amistra da "teoria da "frustração-agressão", agridem verbalmente o alvo mais fácil e disponível: os pais. 

"Mas então se eu só a pessoa mais importante para ele, como pode dizer que me odeia?" Por isso mesmo, por ser a pessoa mais importante para ele. por ele ter a segurança que dizer que o odeia não vai alterar, em nada, o seu amor por ele, porque o reconhece como inequívoco, estável, forte, seguro, imutável e incondicional. Porque sabe que nada do que possa dizer vai beliscar a vossa relação. É o que em psicologia chamamos de comportamentos de "vinculação segura". 

É por essa mesma razão que, quando na vossa presença, os avós costumam sempre queixar-se que "ao pé de ti, ele porta-se sempre pior!". Ou seja, perante os pais as crianças não ficam tensas, não precisam de agradar, de cumprir expectativas, de agradar. Podem, simplesmente, sem tensão nem racionalizações, ser quem são, quem lhes apetece ser, impulsivas e verdadeiras, estar à vontade e sem temores, soltos e verdadeiros. 

Claro que, socialmente, e em idades mais avançadas (na adolescência vem muitas vezes o "odeio-te!" mas isso já é tema para outro post) as crianças têm que aprender que esta vinculação segura não pode permitir ou condescender a agressão verbal ao adulto e a empatia tem que ser treinada com reflexões do tipo "como achas que me sinto ao ouvir isso?" ou "achas que mereço essas palavras realmente?". 

Mas em idades precoces é deixá-los tentar esticar a corda, despejarem as suas frustrações nestes "Não gosto de ti!" que não são mais que expressões verbais de zanga, de confusão ao lidar com realidades não desejáveis e não ataques pessoais ou ofensas realmente sentidas. 

A minha sugestão para os pais? Sorrir e acenar e responder- sempre!- "paciência! Mas olha que já eu gosto imenso de ti. Adoro-te. até! Não gosto desse comportamento e fico triste com as tuas palavras mas gosto de ti na mesma, igualzinho". A vinculação segura alimenta-se deste amor incodicional e eterno.

E esse amor é a base de todo a nossa auto-confiança, capacidade de amar, auto-estima e sensação de bem-estar no presente mas, especialmente, no futuro. 

Portanto, é mais que normal (é importante e saudável) que eles, de vez em quanto, não gostem de nós: é sinal de que estamos a fazer tudo certo. 

We agree to disagree# 3 Furar ou não furar as orelhas?!

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Na minha terra, a maioria das mães de meninas fura-lhes as orelhas em bebés, quando são praticamente recém-nascidas. Não se intelectualiza o costume, de tão enraizado que está. A ideia subjacente à prática defende que, quanto mais pequena for a criança, mais fina será a cartilagem da orelha logo, sentirá menor dor. 
Nunca tinha pensado ou gasto um minuto do meu tempo a pensar neste tema até a Ana nascer e a minha mãe nos perguntar quando lhe estávamos a pensar furar as orelhas, para lhe oferecer uns brincos de ouro (também é cultural, pois para nós, açorianos, o ouro ainda é muito valorizado). 
Falei com a minha mulher sobre isto mas ela recusou furar as orelhas à miùda acabada de nascer. Nunca mais me debrucei sobre o tema, embora a minha mãe voltasse a abordá-lo, amiúde. Não me fazia espécie furar as orelhas, uma vez que considero o factor reversível, se ela não gostar os furos das orelhas voltam a fechar e pequena cicatriz que daí resulta é absolutamente inócua. Mas, pronto, assunto que nunca me interessou grande coisa. Resignei-me com a vontade da mãe. Da mãe da minha filha. ;)

 

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