Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Em nome do Pai

Paternidade na ótica do utilizador.

Em nome do Pai

Paternidade na ótica do utilizador.

Mãe da filha # 10 -Eu só quero uma filha sobrefeliz

ana racing.jpg

 Eu não suspiro por uma filha racing. Não aspiro uma filha que dê voltas à pista da vida mais depressa que os outros. Que chegue primeiro a lado nenhum.


Eu não faço questão que a minha filha se sente aos 4 meses, que ande aos 6 e que fale aos 9. Eu desejo que a minha filha tenha tempo para experimentar a vida, ao seu ritmo. Uma filha que não engula a vida, com pressa, mas que a saboreie devagarinho. Como quem come algodão doce. 

Eu não sonho com uma filha que leia aos 3 anos, que faça fracções aos 6. Eu desejo que a minha filha tenha tempo para questionar cada aprendizagem, para reflectir sobre ela, a aperfeiçoar ou a pôr de lado e explorar alternativas. Uma filha que experimente a vida como se estivesse num provador e que escolha a que melhor lhe assente, sem olhar a moda ou padrões impostos.

Eu desejo que a minha filha tenha o seu próprio estilo de vida. Sem pressões para ser mais rápida, mais esperta, melhor. Eu ambiciono que a minha filha não entre em corridas, comparações, inseguranças de quem se baliza pela norma. Eu desejo uma filha que crie as suas próprias regras de felicidade e seja fiel às suas convicções . Eu quero uma filha com tempo para poder reflectir naquilo que serão os seus dogmas, as suas crenças, a filosofia com que regerá o que a torna feliz.

Eu não desejo que a minha filha seja "primeirasss!", uma filha de "quadro de honra" da vida, uma filha que faz para se sentir admirada, invejada ou role-model para os outros. Eu não desejo uma filha que precise de validação externa, de palminhas, de público. Eu desejo uma filha que tenha os aplausos dentro de si.

Eu não desejo uma filha forçadamente sobredotada, sobrecapacitada ou sobreeficaz. Eu desejo mesmo é uma filha sobrefeliz.

 

 

Liliana- mãe da minha filha

(num dos seus textos sobre maternidade do meu top 5)

Educamos pelo exemplo?

pais.jpg

A nova revista "Pais" traz uma lufada de ar fresco não só à leitura mas à discussão sobre educação em Portugal: imperativa a sua compra!

 

 

As crianças são novas no Mundo e deparam-se com uma série de desafios para os quais o papel de questionamento, apoio na análise e resolução de problemas, orientação e capacidade de decisão carece do suporte do seu progenitor/adulto de referência. Este adulto tem que ser legitimado e só se legitima pelo exemplo.

 

No entanto, a criança não é uma tábua-rasa. Ela nasce já com características de personalidade e comportamento, que não são adquiridas, são genéticas (ou pelo menos, com predisposição nesse sentido) e desprezar isso ou tentar mudar isso à força, moldar as crianças forçosamente contra a sua natureza não só é contraproducente como ineficaz.

 

Com isto, não quero dizer que não acredite no papel do ambiente e da educação (antes pelo contrário!), até porque acredito que o papel do ambiente e do contexto acaba por prevalecer. Não nos podemos é esquecer que devemos ter em conta ambas as condicionantes: as inatas (a genética, os traços-base de personalidade) e as adquiridas (a educação, a influência do ambiente onde a criança cresce, os adultos que a cercam, o grupo de pares). 

 

Por exemplo, podes ter uma criança inatamente tímida e introvertida mas, se os pais forem extrovertidos e relacionais, ainda que a criança não o passe a ser por “contágio” vai, através do exemplo dos pais, aprender e reproduzir as chamadas estratégias de coping (mecanismos cognitivos e comportamentais que as pessoas utilizam para para fazer face a situações internas e/ou externas que são percebidas como "demasiadas" para a capacidade de utilização dos recursos pessoais disponíveis e aprendidos ao longo da vida e geradores de algum stress) de forma a poder responder adequadamente face ao meio e reduzir o seu stress face a situações em que lhe é esperado ser mais “relacional”. A criança não passa a ser extrovertida por magia, mas aprende a reagir adequadamente ao contexto, em que beneficia dessa competência relacional.

 

Portanto, a minha resposta à questão "Educamos pelo exemplo"  é que, a nível macro, o comportamento dos filhos (nomeadamente na primeira infância) reflecte muito o comportamento e atitude dos pais, enquanto modelos de referência; pelo que, sim, educamos pelo exemplo.