Em geral, consideram-se quatro fases, que se sucedem no tempo, do nascimento à adolescência, mas nem todas as crianças passam por estas etapas.
- Até aos dois anos, «a morte tende a ser entendida como a separação de alguém que lhe era querido e como perda do conforto que sentia». O bebê reage à ausência de uma figura significativa, revelando dificuldade em comer, dormir ou manter hábitos de higiene já adquiridos.
- «Entre os três e os cinco anos, a morte é vista como algo temporário e reversível, ou como uma espécie de castigo que pode terminar a qualquer momento; a criança crê ter pensamentos mágicos e que pode trazer de volta o morto ou, pelo contrário, provocar a morte a alguém; pode sentir-se culpada pelo que aconteceu ou pelo que não consegue fazer, pois as razões da cessação da vida são mágicas e misteriosas. Recusa-se a aceitar a morte como o fim, sendo incapaz de imaginar a vida sem essa figura de referência; pode recear que o morto sinta frio ou fome, que esteja zangado ou triste, ou ficar chocada se ele não comparecer na sua festa de aniversário, pois, interiormente, ela continua muito ligada a ele» refere Abílio Oliveira.
- Dos seis aos nove anos, «a criança começa a perceber que a morte é permanente e comum a todos os seres vivos; mas, intimamente, crê que ela e os seus familiares, ao contrário de outros, não serão castigados e estão imunes». Nesta idade, a morte é representada como um monstro, um papão, um fantasma, provocando medo, angústia e, por vezes, terrores nocturnos. É também frequente o interesse pelas causas e pelo processo de decomposição decorrente da morte, que aprendem na escola em relação às plantas e animais.
- A partir dos dez anos e até à adolescência, a morte passa a ser olhada «como um acto final e irreversível, uma parte do ciclo de vida». As maiores interrogações surgem na adolescência, com o questionamento dos rituais religiosos, da espiritualidade e do sentido da vida."
Por Abílio Oliveira- meu ilustre professor- no livro Ilusões na Idade das Emoções (F.C. Gulbenkian, 2008).