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Em nome do Pai

Paternidade na ótica do utilizador.

Em nome do Pai

Paternidade na ótica do utilizador.

Dos o ao 1: Os 6 maiores desafio nesta coisa da maternidade (por grau crescente de dificuldade)

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1- Pô-la a arrotar- Acho que este é a primeira grande "praxe" da mãe-natureza. Parece uma coisa simples quando vemos nos outros: arremessa-se o bebé até ao ombro, põe-se a criança à varanda e pumba! Comigo era um autêntico tormento: dava-lhe bacalhaus nas costas; sentada, punha-a em cima dos joelhos de barriga para baixo; pousava-a nos antebraços e rodava-os para um lado e para outro, enfim... Pensei chegar a fazer a dança do arroto- um cruzamento de Macarena com dança da chuva dos índios da Amazónia- para verem o grau de dificuldade que aquilo me assemelhava. Boas notícias: a partir da altura em que se introduzem os sólidos e, de forma progressiva, a necessidade do arroto vai-se dissipando. 

 

2- Vestir-lhe as perneiras de umas calças- Eu entendo que é uma necessidade básica a de vestir a miúda e, nomeadamente, de lhe vestir calças. Ela acha que é um jogo e fica tão escorregadia como um polvo. Eu enfio a perneira numa perninha, ela tira a da outra e assim, sucessivamente, enquanto esbraceja para tornar a coisa mais atordoante. Solução: agarrar-lhe nas duas pernas, como se faz aos coelhos na hora h, e enfi´-las nas calças duma só vez. Um truque é metê-la de pé, entalar-lhe o tronco no meu sovaco e enfiar as duas pernas em simultâneo. Uma autêntica prova de coordenação e ginástica acrobática. Para mim. 

 

3- Cortar-lhe as unhas- A única esperança que esta actividade me trás é a de que ela se torne uma exímia pianista quando crescer tal a destreza com que dedilha. É um tal esticar e encolher de dedos fabuloso! Pena que seja descoordenado com a unha que se quer cortar: se eu quero a do mindinho, ela estica a do anelar, se a do indicador está gigante, ela consegue, literalmente, encaracolar o respectivo dedo para me impedir de aproximar a tesoura. Um tormento! 

 

4- Assoá-la/Pôr-lhe soro no nariz- Parece que está a ter um ataque epiléptico: começa a tremer, a abanar a cabeça de um lado para o outro a uma velocidade estonteante, a abrir a boca, a fechar a boca, a piscar os olhos, louca, louca, louca. E chora muuuuito, tanto, que eu temo que um dia destes uma equipa da Comissão de Crianças e Jovens em risco me bata à porta acompanhada por um agente da GNR e me apanhem em flagrante abuso infantil... de lenço e toalhita na mão!

 

5- Dar-lhe alimentos sólidos de forma minimamente limpa- É um circo misturado com feira e luta na lama da tabela alimentar. Primeiro tinha uns pequenos babetes lindos, lindos, depois uns maiores com peitilho enorme, depois tentámos com mangas, agora assumimos o bibe duma vez por todas. A próxima tentativa será uma tenda-iglo (para quem lhe está a dar a comida) e um abajour com diâmetro suficiente para a cabeça estar de fora e a comida escorregar. No chão? Um oleado, pois está claro!

 

6- Usar o Narhinel- Aqui é o êxtase, nível 10 de dificuldade. Parece que foi possuída, parece uma mini-exorcista! Há de tudo: choro, berros, gritos, beicinho, saliva a rodos porque se cospe toda com o stress, ranhoca a ser puxada para dentro como se estivesse a chupar lapas em sentido contrário ao que o Narihnel tenta fazer. Esperneia, abana com a cabeça, arranha-nos, pontapea-nos, abocanha-nos, no fundo, é o culminar de todos os pontos anteriores, com todas as manifestações acumuladas nuns minutos que em nada se comparam aos de um sismo com uma intensidade máxima na escala de Richter. Um sismo é brincadeira de criança ao pé disto. Literalmente. "

 

 

Liliana (minha mulher)