Mãe da filha # 10 -Eu só quero uma filha sobrefeliz
Eu não suspiro por uma filha racing. Não aspiro uma filha que dê voltas à pista da vida mais depressa que os outros. Que chegue primeiro a lado nenhum.
Eu não faço questão que a minha filha se sente aos 4 meses, que ande aos 6 e que fale aos 9. Eu desejo que a minha filha tenha tempo para experimentar a vida, ao seu ritmo. Uma filha que não engula a vida, com pressa, mas que a saboreie devagarinho. Como quem come algodão doce.
Eu não sonho com uma filha que leia aos 3 anos, que faça fracções aos 6. Eu desejo que a minha filha tenha tempo para questionar cada aprendizagem, para reflectir sobre ela, a aperfeiçoar ou a pôr de lado e explorar alternativas. Uma filha que experimente a vida como se estivesse num provador e que escolha a que melhor lhe assente, sem olhar a moda ou padrões impostos.
Eu desejo que a minha filha tenha o seu próprio estilo de vida. Sem pressões para ser mais rápida, mais esperta, melhor. Eu ambiciono que a minha filha não entre em corridas, comparações, inseguranças de quem se baliza pela norma. Eu desejo uma filha que crie as suas próprias regras de felicidade e seja fiel às suas convicções . Eu quero uma filha com tempo para poder reflectir naquilo que serão os seus dogmas, as suas crenças, a filosofia com que regerá o que a torna feliz.
Eu não desejo que a minha filha seja "primeirasss!", uma filha de "quadro de honra" da vida, uma filha que faz para se sentir admirada, invejada ou role-model para os outros. Eu não desejo uma filha que precise de validação externa, de palminhas, de público. Eu desejo uma filha que tenha os aplausos dentro de si.
Eu não desejo uma filha forçadamente sobredotada, sobrecapacitada ou sobreeficaz. Eu desejo mesmo é uma filha sobrefeliz.
Liliana- mãe da minha filha
(num dos seus textos sobre maternidade do meu top 5)